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Como fica o Brasil e nossos negócios?

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Como fica o Brasil e nossos negócios?

Semana passada, o Brasil viveu dois momentos inteiramente antagônicos. Nas palavras do próprio Presidente Michel Temer, “…que o meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento”. Ao que tudo indica, estávamos nos aproximando do fim da maior crise econômica da história recente do Brasil. Porém, uma “bomba” envolvendo o próprio presidente, impressionou todo o País e trouxe a carta revés de volta ao jogo. O Brasil, que nos últimos 100 anos alternou ciclos de ascensão e queda econômica, desde 2014, está, mais uma vez, mergulhado nas incertezas de uma fase carregada de fatos que comprometem cada vez mais a confiança nos rumos do país.

O cenário politico acaba de entrar em “campo minado”. De novo. Será que isso vai novamente impactar negativamente a economia? Sim, vai. A nova delação da JBS gerou uma turbulência muito grande no mercado, o que certamente trará uma possibilidade de paralisação nos investimentos e desenvolvimento de negócios, até que se tenha um horizonte mais claro, do que de fato vai acontecer. Se as provas forem expostas e o presidente Temer estiver realmente envolvido de forma inconteste, o ideal seria mesmo a renúncia, uma solução mais rápida e menos nociva ao cenário econômico. Porém, sabemos, o presidente lutará pelo cargo. E isso pode paralisar o país mais uma vez. E é exatamente isso que não podemos permitir. É nosso papel evitar a postergação das reformas e da retomada econômica.

Como líderes que somos, temos que devolver ao país a confiança em nossa capacidade de recuperação. Em nossa resiliência. Estamos entre as 10 maiores economias do planeta. Números divulgados um dia antes do anúncio da delação da JBS comprovavam o que muitos economistas já anteviam: recuperação nas contratações, redução na inflação e retomada nos investimentos. É imperioso manter essa engrenagem girando. Nossa economia é, e tem que ser, maior que a política.

Apenas a título de reflexão, em nosso setor de feiras e eventos de negócios, as feiras setoriais vêm, nos últimos tempos, arrastando verdadeiras multidões em números de visitantes. Esses eventos são uma espécie de retrato positivo destes setores: empresários e profissionais preparados, comprometidos e com intenções reais de investimento e expansão, tão necessários para a recuperação do emprego, do PIB e, a reboque, das contas públicas. Porém, para que isso se concretize, o cenário macroeconômico tem que estar em sintonia.

Só para se ter uma ideia, a Agrishow, feira que está em sua 24ª edição, recebeu quase 160 mil pessoas em seus 5 dias de realização, reunindo mais de 800 marcas expositoras e gerando negócios da ordem de 2,2 bilhões de reais. Uma semana depois, a ExpoMafe, reuniu mais de 600 marcas apoiada por 77 associações de classe nacionais e internacionais. Nos últimos quatro anos, a Informa, corporação que presido, investiu cerca de 400 milhões de reais apenas no Brasil. São números muito atuais e bastante expressivos, sem dúvida. Isso reflete o quanto acreditamos no mercado brasileiro. E continuamos acreditando. Por se tratar de um segmento que gera bilhões de reais em faturamento para o setor de negócios e turismo, as feiras continuam fazendo sucesso e resultados consistentes. Mesmo em tempos difíceis.

A grande preocupação dos setores econômicos hoje é que as reformas essências para que o Brasil avance, continuem apenas no Congresso.  Precisamos que elas (reforma trabalhista, previdenciária, tributaria e politica) avancem e sejam aprovadas. O pior cenário seria uma protelação da solução politica ou indecisões que possam adiar a agenda de investimentos dos agentes econômicos.

A fase é delicada e traz dúvidas. Uma solução muito longa ou traumática coloca definitivamente em risco qualquer crescimento da economia no Brasil este ano. Portanto, nós, como sociedade e lideranças, temos que cobrar rápidas soluções. Que preservem as instituições e protejam o estado democrático de direito. Como já fizemos anteriormente. O Brasil agradece.

Marco Basso, presidente da Informa Exhibitions